Crítica | Branca de Neve


O live-action de Branca de Neve chegou cercado de expectativas, mas o resultado está longe de ser satisfatório. A proposta de modernizar a clássica animação da Disney até poderia ser interessante, mas o filme nunca encontra um equilíbrio entre tradição e inovação. O roteiro toma decisões questionáveis que enfraquecem a narrativa, deixando a história sem impacto emocional. No fim, a sensação é de que o filme tenta se distanciar do original sem oferecer nada realmente marcante no lugar, resultando em uma experiência genérica e sem alma, que não justifica sua própria existência.


Visualmente, Branca de Neve também decepciona. Em comparação com outros remakes do estúdio, este parece sem brilho, com uma fotografia sem vida e efeitos visuais artificiais. O figurino, que poderia ser um ponto forte, não impressiona, e os cenários digitais tiram a sensação de imersão. O encanto visual da animação original simplesmente não se traduz para esta versão. O design de produção é genérico, sem o toque mágico que faz um conto de fadas ganhar vida, tornando o filme esteticamente esquecível.


Imagem: Reprodução / Disney


No elenco, Rachel Zegler se esforça para dar profundidade à nova Branca de Neve, mas é prejudicada por um roteiro que não permite grandes momentos. Sua personagem carece de um arco convincente, tornando sua jornada pouco envolvente. Já Gal Gadot, como Rainha Má, ao menos parece se divertir no papel, mas entrega uma vilã caricata, sem a ameaça necessária para ser memorável. O restante do elenco é apagado, e a decisão de remover os anões como personagens marcantes faz falta, retirando um dos elementos mais icônicos da história e reduzindo seu impacto emocional.


O tom do filme também é um grande problema. A Disney claramente quis evitar polêmicas e atualizar a trama para os dias de hoje, mas, no processo, acabou enfraquecendo a essência da história. A protagonista ganha motivações diferentes, mas que não são bem exploradas, deixando sua jornada sem impacto. Além disso, a ausência de músicas clássicas tira parte do encanto da produção. O filme tenta trazer novidades, mas sem um propósito claro, resultando em uma experiência sem momentos verdadeiramente marcantes, que falha em se conectar emocionalmente com o público.


Imagem: Reprodução / Disney

Apesar das falhas, Branca de Neve não é um desastre completo. Algumas cenas isoladas funcionam, e a ideia de dar mais camadas à protagonista poderia ter sido interessante, se bem executada. O problema não é que o filme seja horrível, mas sim que ele não causa nenhuma grande impressão. Não há cenas memoráveis, diálogos marcantes ou sequências visuais impressionantes. Se pelo menos fosse um fracasso catastrófico, poderia render discussões mais animadas, mas, do jeito que é, se torna apenas mais um remake esquecível. No fim, a sensação predominante é de indiferença.


No geral, Branca de Neve se junta à lista de remakes da Disney que falham em capturar a magia dos originais. Não é o pior live-action do estúdio, mas também não se destaca de forma positiva. A tentativa de modernizar a história sem um roteiro sólido ou uma identidade visual impactante torna o filme fraco e sem propósito. Se a ideia era apresentar essa história a uma nova geração, dificilmente terá o efeito desejado. Talvez, desta vez, a verdadeira maçã envenenada tenha sido o próprio filme, que carece de encanto, carisma e relevância para justificar sua existência.

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