Assisti O Macaco, novo terror de Oz Perkins baseado no conto de Stephen King, e saí com sentimentos mistos. O filme surpreende ao adotar um tom inesperado, misturando horror com um humor absurdo que lembra Premonição. No entanto, essa combinação nem sempre funciona. Enquanto a história tem potencial para ser um terror psicológico denso, a abordagem exagerada das mortes e o tom cômico acabam diluindo parte da tensão. Isso faz com que o filme oscile entre ser genuinamente assustador e uma experiência que parece não se levar tão a sério.
As mortes, que deveriam reforçar a ameaça sobrenatural do macaco de brinquedo, acabam sendo um espetáculo teatralizado. Há uma intenção clara de chocar e divertir ao mesmo tempo, o que pode funcionar para quem gosta de um terror mais exagerado, mas para mim acabou enfraquecendo a atmosfera sombria que a história poderia ter. O longa tem boas cenas de suspense, mas sempre que parece prestes a mergulhar no horror psicológico, uma morte absurda ou um momento cômico quebram essa construção.
No elenco, Theo James faz um bom trabalho interpretando os irmãos gêmeos Hal e Bill, conseguindo diferenciar bem as personalidades de cada um. Ele carrega boa parte do filme, trazendo um peso emocional que a história nem sempre sustenta. Tatiana Maslany também entrega uma boa performance, mas seu tempo de tela é limitado, o que é uma pena, já que sua presença poderia ter adicionado mais camadas à narrativa. O restante do elenco cumpre seu papel, mas sem grandes destaques.
Visualmente, O Macaco tem momentos interessantes. A direção de Perkins cria uma atmosfera intrigante com uso inteligente de sombras e iluminação, reforçando a ideia de que algo está sempre espreitando. No entanto, o filme não abraça completamente sua estética sombria, frequentemente contrastando essa ambientação com o tom exagerado das mortes. O resultado é um longa que parece dividido entre ser um terror sério e uma sátira do gênero, sem se comprometer totalmente com nenhum dos lados.
O roteiro também deixa a desejar em alguns momentos. A origem do macaco de brinquedo e suas regras não são exploradas de forma satisfatória, deixando a mitologia do filme um pouco rasa. Além disso, algumas tramas parecem promissoras, mas são deixadas de lado sem grandes resoluções. O humor, quando bem dosado, poderia ter funcionado a favor da história, mas a falta de equilíbrio entre os tons faz com que o filme perca parte de seu impacto emocional e narrativo.
No fim, O Macaco é um filme criativo e diferente, mas que talvez não agrade quem espera um terror mais sombrio e consistente. Sua mistura de gêneros pode atrair um público que gosta de horror com um toque de ironia, mas, para quem busca uma experiência verdadeiramente assustadora e intensa, pode acabar sendo frustrante. Ele tem méritos na atuação e na construção de alguns momentos de suspense, mas sua abordagem inusitada pode dividir opiniões.