Crítica | Duna: Parte 2


Duna: Parte 2 consolida a visão épica de Denis Villeneuve para o universo criado por Frank Herbert, entregando um espetáculo visual e narrativo ainda mais grandioso que seu antecessor. Se o primeiro filme foi uma introdução densa ao mundo de Arrakis e à ascensão de Paul Atreides, esta sequência mergulha de vez na transformação do protagonista e nas complexas dinâmicas políticas e religiosas que guiam sua jornada. A trama se aprofunda no destino messiânico de Paul (Timothée Chalamet), agora imerso na cultura Fremen, enquanto lida com sua relação com Chani (Zendaya) e o peso de se tornar o líder que muitos esperam. O filme equilibra cenas de ação impressionantes com reflexões profundas sobre poder, sacrifício e destino, elevando a franquia a um novo patamar.

Chalamet entrega sua melhor performance na pele de Paul, capturando com maestria a dualidade do personagem: ao mesmo tempo em que luta contra seu destino, ele se rende ao papel que lhe foi imposto. Zendaya, que teve pouco tempo de tela no primeiro filme, finalmente brilha como Chani, trazendo força e emoção para sua personagem. Rebecca Ferguson, como Lady Jessica, continua a impressionar, especialmente à medida que sua influência cresce dentro da cultura Fremen. O elenco de reforços também se destaca: Austin Butler, como Feyd-Rautha, entrega uma atuação intensa e ameaçadora, enquanto Florence Pugh e Christopher Walken acrescentam ainda mais peso ao núcleo político da história.

Imagem: Reprodução / Warner Bros. Pictures

Visualmente, Duna: Parte 2 é um triunfo. Greig Fraser retorna como diretor de fotografia, criando composições que parecem pinturas em movimento. A paleta de cores, a iluminação e o uso da grandiosidade dos desertos de Arrakis tornam cada cena um espetáculo visual. Villeneuve sabe como explorar a vastidão desse mundo, alternando entre planos imponentes e momentos íntimos sem perder o impacto. Os efeitos visuais, mais uma vez, são impecáveis, com destaque para as sequências envolvendo os vermes da areia, que são ainda mais impressionantes e imersivas do que no primeiro filme.

A trilha sonora de Hans Zimmer continua sendo um dos pilares emocionais da saga. Se no primeiro filme suas composições já traziam um tom místico e épico, aqui ele expande ainda mais sua abordagem, criando temas poderosos que intensificam a tensão e a grandiosidade da narrativa. Os sons tribais, os vocais etéreos e as batidas marcantes ajudam a construir a atmosfera única de Duna, tornando cada momento ainda mais impactante. O som, aliás, é um dos maiores trunfos do filme, com um design meticuloso que faz o espectador sentir cada explosão, cada sussurro e cada passo na areia.

Imagem: Reprodução / Warner Bros. Pictures

Se há um ponto que pode gerar discussões, é a forma como Villeneuve adapta a segunda metade do livro. Algumas escolhas narrativas podem surpreender os fãs mais puristas, especialmente no ritmo e na forma como certos eventos são apresentados. No entanto, a decisão de tornar a jornada de Paul ainda mais trágica e ambígua adiciona camadas ao filme, afastando-se da estrutura tradicional de “herói escolhido” e tornando sua ascensão algo inquietante. O filme não romantiza o destino de Paul, e isso o torna ainda mais poderoso. O final, aberto e repleto de implicações, prepara o terreno para uma possível continuação, mantendo o público ansioso pelo que vem a seguir.

No geral, Duna: Parte 2 supera seu antecessor em todos os aspectos, consolidando-se como um dos épicos de ficção científica mais impactantes dos últimos anos. Villeneuve entrega uma obra visualmente deslumbrante, com atuações marcantes e um roteiro que respeita a complexidade da história original. O filme não apenas expande o universo de Duna, mas também desafia as expectativas, transformando a jornada de Paul Atreides em uma reflexão sobre poder, destino e o peso das escolhas. Se o primeiro filme estabeleceu as bases, esta sequência as ergue em uma escala grandiosa e imersiva, garantindo seu lugar como um dos grandes marcos do cinema moderno.
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