Ms. Marvel acertou em muitas coisas, como as raízes paquistanesas de Kamala Khan (Iman Vellani) e a fé muçulmana. No entanto, agora que a produção chegou ao final, é difícil justificar as mudanças que a Marvel Studios fez na origem dos poderes de Kamala. A princípio, parecia que a equipe criativa da série tinha uma boa ideia sobre como reinventar os poderes de Kamala. No entanto, com o passar dos episódios, as coisas ficaram complicadas. Na cena final do sexto episódio, a série dá um aceno claro aos mutantes e aos X-Men. Para contextualizar uma semana após o confronto final com o Departamento de Controle de Danos, Kamala se reúne com Bruno (Matt Lintz) e Nakia (Yasmeen Fletcher) para se despedir. No entanto, antes de partir, Bruno revela a Kamala que fez alguns testes na estrutura genética de sua família para tentar entender por que os outros membros de sua família não manifestavam superpoderes. Acontece que Kamala tem algo diferente em seu DNA, uma mutação que explica por que só ela pode gerar energia cósmica e dobrá-la à sua vontade. No universo dos quadrinhos, as mutações são frequentemente associadas aos X-Men. Não é por acaso que usamos a palavra mutantes para definir pessoas que nasceram com superpoderes devido a uma diferença genética. A palavra é tão central que a Marvel não conseguiu usar a palavra “mutante” antes da Disney adquirir a Fox. Assim, o uso da palavra “mutação” para definir o poder de Kamala já é suspeito. No entanto, à medida que Bruno fala sobre o assunto é possível ouvir no fundo a música tema da série animada dos X-Men. Não há dúvidas que a Marvel está transformando Kamala em uma mutante.
Nos quadrinhos Kamala é uma Inumana, cujo poderes são parte de quem ela realmente é, uma característica que está inextricavelmente ligada à sua genética. A natureza Inumana também permite que cada membro manifeste poderes únicos. Não querendo explorar os Inumanos no MCU (pelo menos por enquanto), a Marvel alterou completamente a história de origem de Kamala para torná-la meio-Djinn. Como Ms. Marvel explicou, os Djinn são seres de uma dimensão paralela que são capazes de usar energia cósmica - um poder que eles, infelizmente, não podem acessar na Terra. Enquanto a origem meio-Djinn tem um paralelo perfeito com o enredo dos Inumanos, a série complicou as coisas ao introduzir um bracelete que Kamala deve usar para manifestar seus poderes. E as coisas ficam mais estranhas no quinto episódio, quando Kamran (Rish Shah), adquire os mesmos poderes. A Marvel Studios parece estar tão preocupada com o que vem a seguir que esquece de contar uma história coerente. Como se forçar Kamala a usar o bracelete já não fosse um grande problema com a nova história de origem da heroína, a introdução de um gene mutante só piora as coisas. Se, além de ser meio Djinn, Kamala também precisa ser meio mutante para manifestar seus poderes, como alguém pode explicar a habilidade de Kamran, isso torna a história de origem Kamala confusa. A série poderia ter apresentado Kamala simplesmente como uma mutante, meio-Djinn, sem necessidade de um bracelete para desbloquear suas habilidades. Qualquer um desses recursos funcionaria bem por si só, mas usar tudo apenas cria buracos na trama e tira a criatividade potencial da série.