Crítica | Elite - 5ª Temporada


Elite que conta com a sexta temporada já confirmada pela Netflix antes mesmo da quinta estrear, terá nova temporada disponível mundialmente para os assinantes da plataforma nesta sexta-feira (8). Com trailer final prometendo fortes emoções e um novo mistério e investigação à sombra dos alunos de Las Encinas, tivemos acesso aos três primeiros episódios da quinta temporada, que já introduzem no início os dois dos novos personagens: Isadora (Valentina Zenere), herdeira de um império da vida noturna e nosso brasileiríssimo Iván (André Lamoglia), filho do melhor jogador de futebol do mundo. A produção chega à sua quinta temporada com novos personagens, dilemas e problemas. Ainda que com resquícios do passado, a série tenta, nos três primeiros episódios, trazer o modelo tradicional da série que acaba projetando a sensação do mistério conhecido como “quem matou quem?” como receita principal, mas não infalível. 

Como os autores chegaram tão longe contando a mesma história repetidas vezes é que fica de questionamento assim que abrimos a tela para a nova temporada. Por falar no brasileiro, foi meio nostálgico escutar os diálogos em português entre ele e o pai, Cruz (Carloto Cotta), jogador português que já jogou no Brasil, onde o filho nasceu, mas que se mudou para a Espanha após transferência de clube. O incrível disso é poder ver o crescimento que o Brasil vem tendo em produções internacionais. Quando se trata da Netflix, podemos falar da Gio Griggio, atriz brasileira presente em Rebelde: La Serie. A entrada de outros personagens também parecem importantes, ainda que sem muito destaque nos três primeiros episódios. A relação entre Iván e Cruz, apesar de ainda não aprofundada (torço para minimamente ser), mostra uma inversão de papéis daqueles que no mundo ideal deveriam cuidar e serem cuidado. Não demora muito para Iván ficar amigo de Patrick (Manu Ríos), de quem obviamente ele chamou atenção. 

Imagem: Reprodução / Netflix 

Mas ainda ambos precisam trilhar um caminho de autodescobertas, parte delas impulsionadas por um festão promovido pelo filho de Benjamín (Diego Martín). Depois dos últimos eventos que culminaram o fim da quarta temporada, como a própria morte de Armando (Andrés Valencoso) – pouco referenciada ou nada citada diretamente até aqui –, o diretor de Las Encinas implementou regras ainda mais rígidas no colégio de elite. Não será dessa vez que os alunos poderão fazer dancinha no intervalo. Sobre as saídas em relação à quarta temporada, tivemos Aron Piper e Miguel Bernardeau, ambos com a justificativa de estarem em viagens, buscando o seu propósito de vida. Algo me causou estranhamento na tentativa, proposital ou não, de levar um pouco de um momento que vivemos na pandemia, mas neste caso sem citar a própria pandemia (que já não havia feito parte do enredo na quarta temporada, lançada em junho de 2021): um cinema drive-in. 

Mas foi só pela cultura desse tipo de exibição que eu não via com frequência nos tempos pré-pandêmicos. Os alunos puderam apreciar (alguns mais outros menos) a um filme de Almodóvar. Até aqui, a história pareceu estar engatinhando. A verdade é a seguinte: Elite não inventa a roda e não se compromete com nenhuma inovação no seu enredo. A julgar pela entrega da quarta temporada, o grande propósito da série é colocar jovens repetentes para transarem enlouquecidamente. Claro, jovens que façam sexo e matem pessoas. A máxima de Elite segue sendo a impunidade em primeiro, segundo e terceiro lugar. Samuel (Itzan Scamimilla), que deixará a série como já anunciado, ainda parece confuso sem ter o próprio desenvolvimento, estando desta vez envolto de Benjamín e Ari (Carla Díaz) a quem tenta agradar ambos, e também ficando mais longe de Omar (Omar Ayuso), que, por sua vez, tem seus caminhos cruzados com o do misterioso Bilal (Adam Nourou). 

Imagem: Reprodução / Netflix

Com exceção da festa de Patrick, também não há até aqui tanta pegação. O que pode ser uma mudança de rumos (ou não), deste que parece ser um dos produtos mais rentáveis da Netflix, já que religiosamente possui nova temporada a cada ano desde a estreia, algumas vezes até com menos de um ano entre uma e outra (como agora). Para tanto, os próximos cinco episódios precisarão de mais estratégia, aprofundamentos de novos e antigos personagens e fechamento de arcos para não ocorrer injustiças com os personagens e o público. Outro ponto importante é a presença completamente diferente dos irmãos Patrick, Ari e Mencia. Se antes cada um tinha problemas o suficiente, agora parecem mais unidos em prol da sobrevivência de todos. 

Foi um dos pontos relevantes do que vemos diante dos relacionamentos propostos nesta temporada. Tem quem diga que Elite nunca chegará às margens do Flop (expressão usada para declarar o insucesso da trama), mas vai ser difícil emplacar o enredo proposto nesta temporada, principalmente sem pontos fundamentais para série, como Ander e Omar, Carla e Samuel, e Nadia e Guzman. A verdade é que a construção de novos casais com tanta química demanda tempo e bons enredos, coisas que a série não têm garantido. Ainda assim, diferente de diversas tramas, a série espanhola já tem sua sexta temporada garantida pela plataforma de Streaming. 

Por Caio Santana e Laura Coelho

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