Crítica | Morbius


Nos últimos anos, a Sony Pictures vem construindo sua própria franquia interconectada de filmes da Marvel Studios, começando com Venom em 2018 e abrangendo um punhado de filmes, sendo o mais recente Morbius. No entanto, enquanto o Universo Homem-Aranha da Sony adaptou alguns dos famosos vilões de Peter Parker, o universo da Sony em live-action ainda não tem seu próprio lançador de teias. Em vez disso, o estúdio confirmou que seus filmes Venom e Morbius estão conectados ao MCU através do multiverso, conforme revelado em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Mas até que o estúdio apresente o Homem-Aranha ao seu universo, os filmes devem se sustentar por seus próprios méritos. Infelizmente, Morbius apesar de ter um bom desempenho de Jared Leto, Morbius é uma história de origem de super-herói dolorosamente medíocre, oferecendo uma recriação superficial de filmes melhores. É natural quando se cria expectativas por um filme, seja pela afetividade com a história, seja pela admiração por quem faz o protagonista, por exemplo, e acabar se frustrando com o que se vê na tela do cinema. 

Tendo a encarar isso como uma forma de bloqueio (que já tive com obras que tenho mais afinco), sendo preciso ser destravado. Leto estrela como Dr. Michael Morbius, um cientista com uma doença no sangue para a qual ele dedicou sua vida a encontrar uma cura. Ele é capaz de se curar juntando seu DNA com o de morcegos vampiros, mas ele se transforma em um vampiro no processo. Michael ganha certas habilidades, como super força e audição de sonar, mas ele também precisa beber sangue para sobreviver. A vida de Michael fica mais complicada quando seu melhor amigo de infância, Milo (Matt Smith), que sofre da mesma doença, rouba o soro que curou Michael e se transforma em um vampiro também. Com a ajuda de sua colega cientista Martine Bancroft (Adria Arjona) e sua figura paterna Nicholas (Jared Harris), Michael deve encontrar uma maneira de acabar com a fúria assassina de Milo na cidade de Nova York.

Imagem: Reprodução/ Sony Pictures

Dirigido por Daniel Espinosa a partir de um roteiro da dupla de escritores Matt Sazama e Burk Sharpless, Morbius luta para encontrar um novo terreno para cobrir em uma paisagem de filmes de super-heróis que esgotaram histórias de origem padrão nas últimas duas décadas. O enredo de Morbius segue exatamente as mesmas batidas da maioria das origens dos filmes de super-heróis, mas onde o roteiro de Sazama e Sharpless está no desenvolvimento do personagem. Em vez de se concentrar em quem é Michael, Morbius passa muito mais tempo explicando os poderes e habilidades exatos que ele ganha com seu vampirismo, usando-os para entregar uma série de cenas de ação. Mas sem nenhuma história de personagem convincente no centro, mesmo esses cenários de ação caem e não conseguem diferenciar Morbius da série de outros filmes de super-heróis que já existem. Olhando aspectos positivos, vale elogiar as breves imagens do início em uma floresta tropical na Costa Rica que são de tirar o fôlego.

Por sua vez, o elenco de Morbius faz o melhor com o material que recebe. Michael é um bom herói, mas falta-lhe personalidade e motivação. Michael começa se dedicando a encontrar uma cura, mas uma vez feito isso, é como se o filme não soubesse o que ele quer em seguida. Sem o herói como a luz guia do filme, Milo se torna o personagem mais claro, mesmo porque ele tem alguma aparência de personalidade e suas motivações são claras. Como tal, Smith se torna o destaque no filme, embora isso não diga muito, já que Milo ainda é um vilão comum, especialmente para os padrões dos filmes da Marvel Studios. Milo cai na mesma armadilha que muitos vilões do MCU, onde ele tem exatamente os mesmos poderes que o herói, mas ele é malvado. No todo, fiquei animado com as ótimas sequências de ação, sobretudo aquelas em que envolviam saltos de prédios altíssimos. Contudo, nem tudo são flores e acabam de fato decepcionando ou no mínimo trazendo estranhamentos. 

Imagem: Reprodução/ Sony Pictures

Talvez o mais frustrante em Morbius seja que existem elementos do filme que poderiam ter funcionado para ajudar a torná-lo mais agradável. Logo no início, quando Michael é transformado em vampiro, ele persegue mercenários a bordo de um navio em uma cena de ação que aumenta o horror da situação (embora seja prejudicado pela classificação do filme). Espinosa brinca com o horror em outra cena um pouco mais tarde, mas Morbius infelizmente está muito preocupado em continuar sendo um filme de super-herói para ir ao terror completo. Da mesma forma, a amizade entre Michael e Milo deve ser o coração do filme, mas não é desenvolvida o suficiente. Então, quando Milo se torna um vilão, há pouco impacto emocional. Afinal, Morbius tem algumas ideias e conceitos interessantes, mas a execução de Espinosa por trás das câmeras e Sazama e Sharpless no roteiro acabam prejudicando o filme. 

Como resultado, Morbius não é uma entrada obrigatória no universo do Homem-Aranha da Sony. Quem já está interessado em ver Morbius pode encontrar algo para se divertir, especialmente com as performances de Leto e Smith. Talvez a maior coisa que o filme tenha a oferecer são suas conexões MCU, que foram provocadas com Adrian Toomes (vulture) de Michael Keaton aparecendo no primeiro trailer. No entanto, essas conexões são bastante mínimas e bastante intrigantes. Portanto, enquanto os fãs de filmes da Marvel podem ficar empolgados com a aparência de Vulture, fãs casuais ou aqueles que não gostam tanto de filmes de super-heróis ficarão bem ignorando este. Confira o trailer abaixo e lembre-se: se for ir ao cinema, use uma boa máscara como as do tipo PFF2 ou N95 e busque manter distanciamento, se possível.
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