Crítica | Duna


Duna é uma uma obra-prima visual que faz um excelente trabalho na construção da história, com uma experiência cinematográfica que mergulhará o público em um mundo futurista deslumbrante que os deixará maravilhados com sua beleza e grandiosidade. A trilha sonora brilha e tem um efeito marcante que ressalta tudo, desde conversas íntimas à ação extravagantes. A duração do filme às vezes pode ser um desafio, mas Duna é tão original que a duração na maioria das vezes não é um problema.

Timothée Chalamet interpreta Paul, filho de Duque Leto Atreides (Oscar Isaac), um soberano de um planeta, Lady Jessica (Rebecca Ferguson) mãe de Paul tem poderes mentais poderosos que espera passar para seu filho. A história começa quando a corte imperial indica a casa nobre de Atreides para assumir a administração das operações de especiaria no hostil planeta deserto de Arrakis, também conhecido como Duna. É uma nomeação importante, já que Arrakis é cobiçada por sua produção natural de especiarias.

Imagem: Reprodução/Warner Bros

Especiaria, é uma substância produzida pelos Shai-Hulud, vermes da areia gigantescos criaturas carnívoras que vivem sob as areias do planeta deserto. Quando consumida, a especiaria tem propriedades narcóticas que são cruciais para viagens espaciais, permitindo que os navegadores guiem as naves através do espaço de dobra. Como tal, Arrakis e a colheita de especiarias se tornaram o locus de um conflito político-econômico interestelar. 

Anteriormente, o planeta Arrakis era governado pela Casa Harkonnen, que devastou as terras para obter o máximo de especiarias possível, enquanto travava uma guerra contra a comunidade nativa Fremen. Por outro lado, o duque Leto espera trabalhar e aprender com os Fremen, que vivem clandestinamente em cavernas sob a areia. A viagem espacial para Arrakis é retratada com segurança e controle, sem mencionar o olhar meticuloso para os detalhes, pelos quais Villeneuve se tornou conhecido em apresentar.

Imagem: Reprodução/Warner Bros

O diretor Denis Villeneuve fez um trabalho de primeira na criação dos mundos de Herbert de uma maneira tão grandiosa que fará os fãs gritar por dentro. Villeneuve está acostumado a brincar com uma escala que faz todos os personagens parecerem formigas no mundo em que habitam. Através de seu alcance ambicioso, você sente o peso desta aventura em todas as facetas. Quer seja o planeta oceânico Caladan ou o planeta deserto Arrakis, Villeneuve mergulha você em sua astuta construção de mundos. Devido ao filme ter sido rodado em países do Oriente Médio que inspiraram os planetas, a autenticidade dos cenários é elevada graças aos ambientes naturais. Você tem um elenco talentoso que filmou em um verdadeiro deserto, indo ao natural e você sente o peso dos perigos que estão lá como Shai-Hulud, o enorme verme da areia.

Os efeitos visuais em Duna são alucinantes em detalhes e design, entregando o melhor CGI absoluto que vi este ano. Todos em seus respectivos departamentos realmente se destacam em fazer este mundo futurista respirar de uma forma realista que faz você desejar estar lá. O design de produção é repleto de detalhes e estilo, trazendo todas as inspirações culturais da fonte, enquanto faz com que cada local se destaque em tom, clima e espaço. Os cenários aumentam a tensão devido ao vazio e à iluminação dos espaços onde residem alguns dos personagens mais poderosos. Muitos dos ambientes internos estão vazios enquanto algumas pessoas preenchem a cena como um meio de mostrar o quão intimidantes, poderosos e temidos eles são. As tomadas amplas mostram a lacuna de interiores e exteriores para mostrar o quão pequenos eles são comparados a este planeta massivo com um elemento natural.

Imagem: Reprodução/Warner Bros

O que realmente torna Duna surpreendente é como Denis Villeneuve se mantém totalmente fiel ao seu estilo e tom ao longo do filme, O filme é detalhista e narra a história da melhor forma possível. Concentrando-se inteiramente na exploração dessa história em grande escala de traição, ao mesmo tempo em que fornece um arco centrado na identidade do personagem. O roteiro escrito por Jon Spaihts, Denis Villeneuve e Eric Roth é contemplativo sem ser excessivamente sério e às vezes tem leviandade natural. Há uma grande dinâmica entre os personagens, que são todos significativamente charmosos por si próprios, de modo que você sente o peso de seus relacionamentos sem que eles tenham que relembrar o passado ou mostrar um flashback. 

Com o arco de Paul, é possível ver detalhes simbólicos que tornaram a jornada desse herói subversiva e profunda a ponto de o gênero nunca ter um papel importante. É um direito de nascença de Paul ser um duque como seu pai, mas ele contém os poderes de sua mãe, que se aplicam apenas às mulheres, então cabe a ele buscar seu destino. Chalamet oferece uma performance espetacular que ajuda a dar vida a esse personagem icônico. Ele carrega o filme com confiança, com charme, poder e emoção crua, como o vimos fazer em outros filmes. 

Imagem: Reprodução/Warner Bros

Como Duna é um livro tão denso, você tem que suportar cenas abundantes de exposição por uma boa parte da primeira hora. O aspecto mais ousado do filme é ele contar apenas metade da história, acredito que toda pessoa que assistir ao filme ficará com medo da sequência não acontecer. Não podemos nem mesmo ver toda a extensão da paisagem arrebatadora do deserto de Arrakis até a reta final do filme, quando Paul e Lady Jessica estão fugindo e encontram uma tribo de Fremen liderada pelo feroz Stilgar (Javier Bardem). 

É aqui que os personagens finalmente ficam próximos e os gigantescos vermes da areia são vistos, mas é apenas um vislumbre. O encontro com Stilgar, por exemplo, é uma oportunidade para Paul provar sua masculinidade e nos deixar imaginando o que acontecerá se ele for aceito na sociedade Fremen. “Este é apenas o começo”, declara a jovem guerreira Fremen Chani (Zendaya) enquanto ela e seu povo de olhos azuis conduzem Paul e Lady Jessica para dentro do deserto.

Imagem: Reprodução/Warner Bros

Duna tem um elenco incrível que inclui Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Oscar Isaac, Dave Bautista, David Dastmalchian e Jason Momoa que muitas vezes rouba a cena como Duncan com seu carisma, charme e alta energia. O elenco não só incorporou a aparência de seus personagens, mas também deu performances estelares e se mesclou bem na tela. Chalamet e Ferguson em particular tiveram uma ótima química juntos como mãe e filho, entregando um retrato genuíno e natural de Paul e Lady Jessica.

Em resumo Duna é incrível, e esse filme simplesmente precisa ser visto em IMAX. Não quero ser aquele cara porque sou totalmente a favor da acessibilidade, mas agora entendo porque Villeneuve ficou inicialmente irritado em lançar o filme simultaneamente na HBO Max, eu recomendo e afirmo que esse filme foi feito para ser vista na maior tela possível. O filme está em cartaz nos cinemas e se você se sente seguro para ir, prefira comprar os seus ingressos pelo site do cinema, e lembre-se de manter o distanciamento seguro, manter suas mãos higienizadas e usar uma boa máscara no rosto o tempo todo.
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