Crítica | Cinderela


Cinderela é um filme ambicioso com um bom visual, momentos musicais divertidos e um ótimo elenco, mas carece em transmitir qualquer substância real. É uma pena, porque claramente tem uma mensagem de fundo, mas parece ter medo de se comprometer e realmente passar para o telespectador.


Em Cinderela, Camila Cabello faz sua estreia no cinema interpretando Ella, uma aspirante a costureira que quer fazer sucesso no mundo. A única falha em seus sonhos é o fato de que a sociedade não apóia uma mulher com uma carreira ou qualquer meio para realizar seus sonhos. O casamento é a única opção para uma garota e ser uma mulher de negócios é definitivamente desaprovada, sendo uma passagem certa para ser rejeitada pela sociedade. Aqui, o homem deve se tornar rei, mesmo que não queira receber a coroa, enquanto sua irmã mais nova, muito capaz e inteligente, que será uma rainha adequada, deve permanecer nas sombras.


Imagem: Reprodução/Prime Video

Se há uma coisa que Cinderela tem a seu favor, é um elenco forte que tenta dar o seu melhor para salvar o roteiro. Camila Cabello faz um ótimo trabalho como Ella, trazendo uma personagem engraçada e deslumbrante com uma presença marcante na tela. Camila se destaca usando bem seu talento musical em várias canções, e suas interpretações trazem uma ótima energia para a história. Por outro lado, Nicholas Galitzine é igualmente louvável como o Príncipe Robert, que apoia Ella na realização de seu sonho e se posiciona para desistir da coroa enquanto a passa para sua irmã, a Princesa Gwen (Tallulah Greive).


Billy Porter, como a fada madrinha, é arrebatador em seu conjunto cintilante, com calça dourada, salto alto e adereços de alta costura. Tragicamente o seu personagem só aparece em uma cena, mas Porter se certifica de roubar totalmente a cena. O papel parece ter sido feito para ele e, nem por um minuto você lembra que a fada madrinha da história era uma mulher mais velha.


Imagem: Reprodução/Prime Video

Pierce Brosnan interpreta o Rei Rowan, um governante dominador e autoritário, mas garante que haja humor suficiente em suas cenas para que ele nunca pareça um tirano. Minnie Driver, como a rainha Beatriz, parece imaculada e impecável e faz uma observação contundente uma após a outra e, eventualmente, consegue fazer o rei entender que o mundo está mudando e, portanto, as regras e sua própria atitude devem mudar.


Idina Menzel como Vivian, a madrasta malvada, é mais humana nesta produção. Ela está presa entre uma situação difícil, com três filhas adultas em suas mãos e nenhum meio de conseguir um bom casal para elas, que acabará por tirá-las da pobreza. Idina, como sempre, se destaca no seu papel e as canções onde empresta a sua voz são algumas ótimas. James Corden, James Acaster e Romesh Ranganathan dão amplo apoio a Camilla como seus amiguinhos peludos.


Imagem: Reprodução/Prime Video

A direção de Kay Cannon é excelente, pois ela consegue dar um toque novo e emocionante ao conhecido conto de fadas. Seu filme é inclusivo, tem a representação perfeita e consegue transmitir uma importante lição de vida também tingida de humor. Ela conseguiu misturar canções e danças contemporâneas no filme e conseguiu unir os dois mundos do real e do mágico perfeitamente.


Em minhas considerações finais, Cinderela se esforça ao máximo para modernizar o antigo conto de fadas com novos temas e sensibilidades atualizadas, o roteiro infelizmente deixa muito a desejar, como a falta de conflito, todos no filme mudam seus pontos de vista e crenças tradicionais em um piscar de olhos. Apesar de ter um tempo de execução de quase duas horas, quase não parece que algo está acontecendo. O longa de Kay Cannon está disponível exclusivamente no Prime Video.

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