Começamos nossa história com um telefonema detendo-se um pedido claro: Noemí precisava voltar para casa, havia algo que a personagem precisava fazer. Seu pai, um homem poderoso e conservador, faz o pedido que irá nortear nossa história: A jovem livre e cheia de planos precisaria ir a El Triunfo para saber o que está acontecendo de errado com sua prima, Catalina, jovem órfã que ainda jovem se casou com um homem misterioso.
Gótico Mexicano é um livro cheio de cultura e histórias clássicas mexicana. O Gótico está presente de forma consistente em diversos momentos e referências que o livro traz, uma delas, por exemplo, é o vilão remeter ao famoso Drácula - os caminhos seguem de forma diferente, mas a referência fica bem evidente. O que há de tão estranho acontecendo com Catalina? Seria amplo, possivelmente, dizer que muita coisa está acontecendo, mas de fato é isso: na casa “assombrada” há mais coisas acontecendo do que podemos imaginar.
O demoníaco não assustador está muito presente na obra de Silvia Moreno, no entanto, não impede o leitor de sentir medo e aflição diante do que vem em seguida. A construção histórica em que diverge o europeu do latino aparece de forma que para muitos pode ser sutil, mas que não há nenhuma sutileza no processo mostrado pela autora. Sem discordar muito, chegamos à demonstração dessa ocorrência com os Doyles, família inglesa do marido de Catalina, ele sim é o malvado hegemônico de uma história tipicamente mexicana.
Silvia Moreno não diz - e não precisa - o quanto há dor no processo colonial presente no livro, mas quem leu Gótico Mexicano, sabe que não se passa por beleza - nem por um segundo - a vida sofrida da jovem Catalina. Noemí na sua potência de força tenta encontrar formas de lutar contra um vilão mascarado socialmente, ainda que saiba quem é exatamente o lado ruim daquele castelo assombrado.
Gótico Mexicano não é só um livro, é uma experiência literária. Conhecer a história do México e seus componentes pode ser abstrato para algumas pessoas, mas a leitura está aí. Sinceramente? Vale cada segundo. Se você está entediado com as primeiras 100 páginas, dê uma chance ao enredo, ainda que o final não te surpreenda, Silvia Moreno se encarrega de fazer valer a pena.