Crítica | Judas e o Messias Negro


Judas e o Messias Negro apresenta uma das melhores performances da carreira de Daniel Kaluuya, interpretando Fred Hampton o presidente Hampton assassinado do Partido dos Panteras Negras de Illinois, Kaluuya mostra que o papel foi feito para ele quando está em cima dos palcos lendo os discursos com intensidade e convicção.  


Logo na abertura do filme, conhecemos William O'Neal (LaKeith Stanfield) um ladrão que finge ser um agente do FBI e usa até um distintivo falso para roubar carros na vizinhança. Mas quando o verdadeiro Federal Bureau of Investigation descobre - representado pelo agente Roy Mitchell (Jesse Plemons) - O'Neal acaba enfrentando algo pior do que a prisão, mesmo que demore todo o filme para descobrir. 


Imagem: Reprodução/Warner Bros

O'Neal se torna um informante para o FBI, e como o título do filme sugere ele é Judas, ele é usado pela polícia e com isso acaba ajudando a polícia executar Hampton, é como passar duas horas em uma cena de crime onde sabemos o final e se você espera ter algum tipo de justiça esse não é o caso em Judas e o Messias Negro. 


A capacidade Fred Hampton de reunir inimigos e rivais em potencial o tornava perigoso para uma América feliz com o status racista. Hampton foi assassinado em 4 de dezembro de 1969, exatamente 20 meses depois que o último “Messias Negro”, Dr. Martin Luther King Jr., foi morto. O'Neal desempenhou um grande papel na facilitação dessa tragédia, fornecendo o layout do apartamento de Hampton e até mesmo fazendo um pouco do trabalho sujo do FBI algumas horas antes. 


Imagem: Reprodução/Warner Bros

O filme tem alguns momentos cansativos, e um deles é o período no FBI é mesmo com a excelente cinematografia de Sean Bobbitt e da edição de Kristan Sprague, essas sequências não são tão interessantes quanto qualquer as cenas com os Panteras Negras e seus objetivos. Edgar Hoover teve um papel ativo na tentativa de esmagar qualquer tipo de tentativa de forçar o país a fornecer igualdade e reconhecer seus pecados raciais e econômicos. Aqui, Hoover é interpretado por Martin Sheenso e tem na minha opinião um dos piores momentos no filme. 


Na minha percepção se em Judas e o Messias Negro o foco do filme tivesse se concentrado principalmente em O'Neal ganhar a confiança de Hampton, teria funcionado melhor, o filme parece ganhar vida quando estamos com os Panteras Negras na tela, e não é apenas o pelo excelente trabalho de Kaluuya, é também o de Deborah Johnson (Dominique Fishback) como sua namorada, especialmente em sua cena final comovente, e gostaria que ela tivesse mais tempo na tela. 


Imagem: Reprodução/Warner Bros

King se destaca em retratar cenas angustiantes de violência. Uma subtrama envolvendo um personagem descrito como “um quadrado” finalmente se rompendo e recorrendo a um tiroteio vingativo com os policiais é notável por quão inflexível é e por uma cena em que a mãe do homem lamenta que este seja seu legado. Essas e outras cenas brutais prenunciam o confronto final dos Panteras com um departamento de aplicação da lei que estava claramente infringindo a lei. 


Este é um filme que sinto que é necessário assistir pelo menos duas vezes, para ajudar dar atenção e refletir algumas coisas, eu recomendo esse filme para todos que quer conhecer um pouco sobre a história de Fred Hampton.



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