Conheça a Chicago de 1960 apresentada em Judas e o Messias Negro


Recém-premiado na categoria de ator coadjuvante, na 78ª edição do Globo de Ouro, pela atuação do ator Daniel Kaluuya como Fred Hampton, Judas e o Messias Negro reúne não apenas um grande elenco, com as presenças de Lakeith Stanfield, Dominique Fishback, Ashton Sanders, Martin Sheen, entre outros grandes nomes, como também chama a atenção pela fiel ambientação da trama, que remonta à década de 1960, em Chicago.


O mesmo cuidado que os cineastas tiveram na escalação do elenco, eles tiveram ao escolher os chefes dos departamentos que dariam vida à visão do diretor Shaka King para produção: o diretor de fotografia Sean Bobbitt; o desenhista de produção Sam Lisenco; o editor Kristan Sprague; e a figurinista Charlese Antoinette Jones.


Centenas de fotos históricas da região oeste de Chicago nos anos 1960 foram reunidas e se tornaram um ponto de partida para a equipe do diretor. Várias cidades foram avaliadas durante a pré-produção e os elementos arquitetônicos de Cleveland – incluindo seus postes de luz com lâmpadas de vapor de sódio e parquímetros que só aceitam moedas – foram considerados os mais próximos dos locais históricos verdadeiros para fazer as vezes da Chicago de 1967 a 1969.


A sede dos Panteras Negras ficava localizada em uma região histórica de Cleveland conhecida como Slavic Village, no edifício Zverina, construído no final dos anos 1800 (a fachada foi recriada usando fotos de arquivo como referência). O cárcere de Fred Hampton (após sua prisão pela falsa acusação de roubar pouco mais de US$70 em sorvete) ficava no Mansfield Reformatory; fechado desde 1990, ele agora abriga o Ohio State Corrections Museum.


Fiéis ao espírito de Hampton e dos Panteras, os cineastas fizeram um esforço conjunto para alugar igrejas – alicerces comunitários em muitas regiões menos privilegiadas da cidade – como locações para o filme ou áreas de armazenamento.


O Masonic Performing Arts Center – um edifício histórico de sete andares e quase 9,5 mil m² de área – abrigou a apresentação de Hoover (Martin Sheen) sobre Hampton e os Panteras. Essa sequência estratégica foi precedida por um momento incrível com Sheen e 100 figurantes escalados como agentes (um número que foi aumentado para 600 na pós-produção).


A figurinista Jones começou sua colaboração com Shaka King em 2013. Ao pesquisar sobre os Panteras de Illinois, Jones descobriu que suas roupas eram menos formais e militarizadas que as da filial original de Oakland. Os Panteras de Chicago misturavam boinas militares com as francesas e, às vezes, optavam por jaquetas camufladas no estilo da Segunda Guerra ao invés das jaquetas de couro pretas que muitos se lembram. Jones e seu departamento foram a Los Angeles, Cincinnati, Atlanta, Columbus e Cleveland em busca de roupas da época.


A pesquisa do desenhista de produção Sam Lisenco incluiu materiais disponíveis através da lei de liberdade de informação, incluindo os arquivos do FBI sobre os Panteras Negras e materiais de arquivo de museus. “Queríamos criar um retrato muito realista de Chicago na época, ao invés de uma perspectiva cinemática. Pensamos em colocar lixo nas ruas e usar carros queimados para refletir a situação econômica dentro das cidades no final dos anos 1960. Isso era muito importante para nós”.


Em Cleveland, encontraram prédios que foram construídos na época e cujos interiores não foram reformados desde o começo dos anos 1970 – o que era bom e ruim. A preparação de alguns sets práticos envolveu a remoção de amianto e pintura com chumbo, que ainda eram muito usados na época de sua construção. Algumas estruturas, embora extremamente evocativas da época, estavam totalmente inutilizáveis devido ao seu estado de dilapidação.


Lisenco concluiu: “Fizemos o que foi possível para recriar o apartamento do Fred e da Deborah como ele era. Após seu assassinato, a polícia não isolou a cena do crime; eles deixaram tudo aberto. Moradores da região faziam fila para visitar o local. Por conta disso, há muitas fotos que registram como era o apartamento após o acontecimento. Conseguimos reproduzir alguns móveis e tecidos específicos. Como as imagens eram posteriores ao saque do local, tivemos que tentar adivinhar algumas coisas para deixá-lo com a cara que tinha antes de 4 de dezembro de 1969”.

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