Filme suíço conta história dramática de um irmão com leucemia e uma irmã prestativa; longa é o representante do país na busca de uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2021
O drama suíço Minha Irmã (2020), que também se passa na Alemanha, foi escolhido para representar a Suíça no Oscar 2021 na categoria Melhor Filme Internacional. Ao trazer uma linda história de uma irmã que literalmente se doa em vida para seu irmão gêmeo, a fórmula encontrada para contar um bom e dramático enredo já está feita.
Talvez por isso senti falta de algo a mais em todo o longa. Algo que fosse além da mera representação dramática de uma pessoa durante o tratamento de uma leucemia e o sofrimento de quem também está ao seu lado. A despeito disso, o desenvolvimento da história revela, sem tantos erros, uma bela performance dos protagonistas.
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Lisa (Nina Hoss) com os filhos e o irmão gêmeo Sven (Lars Eidinger). Créditos: Vega Films / A2 Filmes / Reprodução |
Lisa (Nina Hoss) é uma ambiciosa dramaturga que deixou Berlim para viver com os filhos e marido (Jens Albinus) na Suíça, onde ambos passam a dar aulas em uma escola internacional. A falta de exploração maior desse núcleo familiar deixa algumas pontas soltas no começo, porém, o próprio filme encarrega-se de juntá-las mais adiante sem que se misture muito o caos familiar de Lisa com o drama que ela própria vive ao lado do irmão.
Com leucemia, Sven (Lars Eidinger), ator que é consagrado no teatro de Berlim, vive agora com a fragilidade de passar por um tratamento tão invasivo e doloroso. Sua irmã volta para Berlim para fazer uma doação de medula e ajudar na recuperação do irmão. Ao voltar do hospital para a casa da mãe Kathy (Marthe Keller) em Berlim, vemos mais um capítulo do próprio desastre familiar de Lisa: os embates da sua mãe com o próprio Sven se tornam frequentes quando ambos estão juntos, o que obriga Lisa a levá-lo para a Suíça.
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Embates de Sven com a mãe Kathy (Marthe Keller) são frequentes. Créditos: Vega Films / A2 Filmes / Reprodução |
Ao lidar também com o sofrimento do irmão gêmeo, Lisa precisa ser sempre forte para enfrentar difíceis momentos e tomadas de decisões. Sua abdicação em voltar a escrever é percebida pelo próprio Sven que foi diagnosticado com câncer num 3 de junho. Lisa parou de escrever desde que saiu de Berlim, e Sven fala algo como: “A Suíça não te impede de escrever. 3 de junho sim”. Ele sabe o quanto sua irmã ficou abalada e preocupada com sua saúde.
E a preocupação é real. Lisa está a todo instante movendo-se pelo cuidado do irmão e percebe quando algo foge de controle, pois sabe o que faz ele estar bem. Quando Sven recebe uma ligação do diretor de teatro David (Thomas Ostermeier) dizendo que a peça na qual é protagonista foi cancelada, ele possui uma série de atitudes descabidas que resultarão em graves consequências que o levarão a mais uma internação. Seu quadro de saúde piora e as suas cenas no hospital chorando de dor são angustiantes. Isso abala Lisa de forma indescritível.
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Após Sven saber que a peça em que é protagonista foi cancelada, ele possui atitudes muito ruins. Créditos: Vega Films/ A2 Filmes / Reprodução |
A partir daí, parece que os dois se envolvem ainda mais, como se voltassem à gestação quando ambos estavam lado a lado no útero da mãe. Minha Irmã é um drama que, além de nos trazer essa bela história, também pode ter outros aspectos elogiáveis. Os sons ambientes são muito valorizados e a trilha sonora é adequada para os momentos, deixando muitas cenas ainda mais tensas.
Apesar disso, pode ser que o filme não venha a ser selecionado para o Oscar 2021. Creio que há outras narrativas e histórias de outros países que mereçam mais destaques na categoria Melhor Filme Internacional, principalmente com o legado deixado por Parasita (2019). Porém, não ficarei surpreso se esse filme chegar nos indicados finais, mesmo com uma história com desfecho quase que previsível.
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Lisa conversa com David (Thomas Ostermeier), diretor de teatro com quem teve um breve relacionamento quando mais jovem. Créditos: Vega Films / A2 Filmes / Reprodução |
Minha Irmã (My Little Sister | Schwesterlein) é roteirizado por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond e possui classificação indicativa de 14 anos. A estreia do filme no Brasil ocorreu na última quinta-feira (28) de janeiro nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Vitória, Recife e Florianópolis com distribuição da A2 Filmes. Confira o trailer abaixo.
Nota ⭐⭐⭐ 3/5