A ExCompanhia de Teatro apresenta, entre 06 de novembro e 05 de dezembro, a experiência cênica inédita ExReality, patrocinada pela Porto Seguro. Em formato único criado pelos artistas Gustavo Vaz, Bernardo Galegale e Gabriel Spinosa, trata-se de um experimento artístico-social onde tudo pode acontecer.
Três integrantes do grupo – Bárbara Salomé, Johnnas Oliva e Thiago Andreuccetti – irão transmitir ao vivo, ininterruptamente, as telas de seus smartphones e o que for capturado por suas câmeras e microfones, durante 9 dias consecutivos. Eles participarão de um reality-show que busca encontrar o sentido da vida e terão sua vida online exposta, participando de desafios e concorrendo a um prêmio no final.
O público terá a oportunidade de participar efetivamente dessa narrativa, interagindo com os três artistas do grupo, tornando-se, assim, também personagens da experiência. Ao adquirir seu ingresso pela internet, o público terá acesso a uma plataforma exclusiva que apresentará em tempo real e ao vivo a tela dos celulares dos três participantes do ExReality, onde poderão ver todos os registros, comandos, ligações, mensagens trocadas, pesquisas na internet, navegações em aplicativos, entre outros inúmeros hábitos da utilização de celular.
Ainda, através de enquetes exclusivas na plataforma, o público definirá rumos importantes da trama, escolhendo inclusive algumas ações futuras a serem executadas pelos artistas. Por fim, o público, em alguns momentos, poderá até mesmo receber ou enviar objetos para os atores participantes da experiência e, quem sabe, encontrá-los ao vivo.
Ao longo dos 9 dias, o programa ExReality será comandado por um apresentador – Daniel Warren - que trará diariamente e também ao vivo, sempre às 21h30, um resumo com os principais eventos da experiência, além de ser o regente do jogo rumo ao programa final que irá definir o grande vencedor.
O desenrolar dessa forma inusitada de reality abre espaço para o imprevisível: afinal, que novos mundos surgirão a partir de relações estritamente virtuais? É possível construir sentidos dentro do isolamento que as telas nos impõe? O que descobriríamos se tudo o que fazemos em nossos smartphones - o lugar onde hoje existimos e nos relacionamos continuamente - fosse exposto 24 horas por dia na internet? Estaria no conteúdo produzido nestes aparelhos a chave para vislumbrarmos o que nos tornamos, para onde vamos e o que seremos num futuro próximo?
Resumo
Três participantes estão dentro de uma espécie de reality show online em busca do sentido da vida e de um prêmio, onde tudo o que se passa na tela dos seus celulares será exposto 24 horas, durante 9 dias seguidos. O público pode acompanhar, participar e até mesmo definir os rumos da experiência através da interação com a plataforma criada para o projeto e do contato direto com os participantes e o apresentador do programa.
O Conceito
Nossa vida é online. Nossa vida é online?
É possível encontrar algum sentido para a vida, para o acontecimento do existir sob a perspectiva claustrofóbica das telas, das relações virtualizadas e da distância carnal entre seres humanos?
A pandemia mundial nos relegou ao isolamento social, já experimentando de forma parecida nos últimos anos no espaço virtual da internet, ao nos isolarmos cada vez mais em nossas bolhas sociais construídas por algoritmos. Ultimamente, nossa rotina passou a ser ainda mais virtual, buscando de alguma maneira repor as ausências de tudo aquilo que era presencial. Com isso, os smartphones se tornaram ainda mais essenciais na vida de uma grande parcela da sociedade, se transformando no principal instrumento de mediação entre nós e o mundo. Notícias, redes sociais, ligações, mensagens, mercado, farmácia, trabalho, reuniões, Zoom, WhatsApp, Skype, Meet, Youtube, Twitter, LIVES… é infindável a lista de interações online que tomam conta da nossa vida. Pesquisas mostram que o tempo mensal de usuários em apps móveis cresceu 40% no 2º trimestre mundial deste ano e no Brasil, quem tem um smartphone, fica conectado mais de 9 horas por dia na internet.
Olhar para nossa vida virtual hoje é, talvez, tocar um lugar profundamente íntimo do humano. É acessar o espaço onde hoje existimos em grande parte do nosso tempo. E o que significaria acessar sem barreiras o lugar que guarda nossos segredos mais profundos, o smartphone? O que ou quem realmente encontraríamos ali?
Num momento onde o futuro é incerto e os significados se tornam escorregadios, a ExCompanhia propõe uma espécie de experimento social artístico que aproxima o público dos atores, com suas identidades e redes sociais reais através de uma dramaturgia rica em detalhes que se estende por nove dias, buscando revelar o que estamos construindo (e também destruindo) em nossas relações virtuais e isoladas.
Vivemos dentro de lives, videochamadas, filtros e áudios, e hoje o Grande Irmão está mais próximo do que nunca, bem na palma de nossas mãos. Nós somos, finalmente, o olho que tudo vê, mas, será que estamos realmente enxergando o que nos acontece? Afinal, algo ainda nos acontece? Estamos cada vez mais informados, sabemos de quase tudo o que se passa no mundo, mas, com que qualidade e profundidade cada um de nós é atravessado pela experiência de estar (ao) vivo? O que nos tornaremos depois disso tudo?
A utilização do formato de um reality-show que flerta com o absurdo traz em si questionamentos intrínsecos sobre a busca dos sentidos profundos da experiência humana, quando por exemplo somos lançados num mundo angustiante de regras confusas, que não servem para todos, onde apenas os vencedores parecem ter importância. Sendo assim, é possível ser livre e buscar os próprios sentidos num mundo de testes constantes, onde o que você precisa só é relevante se interessar para uma maioria qualquer? É possível ser livre quando somos observados o tempo todo ou quando escolhemos sermos observados o tempo todo? É possível construir algo coletivamente num mundo absolutamente competitivo? É possível contar com o outro no processo de descoberta dos sentidos para estarmos aqui, juntos?
A nova obra da ExCompanhia de Teatro propõe-se com um espaço de questionamento, onde realidade e ficção andam juntas em direção à criação de uma experiência única e significativa para o público contemporâneo. Comandada por um apresentador e mediador do show, a experiência se apresenta como um espaço um tanto quanto absurdo de observação da jornada de três pessoas em busca de algum sentido para (sua própria) vida, disputando entre si para delegar ao público a escolha do, quem sabe, "melhor" sentido da vida, dentro de um mundo virtual de competição, exposição e com regras estranhas. Mas, no final das contas, não seria este espaço uma metáfora sobre a própria vida