Série ficcional aborda crimes no universo do surfe


O #exposed, como as denúncias de problemáticas são conhecidas, é projetado na série ficcional sobre bastidores do surfe “Submersos” (trailer). Coprodução Brasil-Argentina, o drama policial narra a trajetória de um atleta que arrisca prestígio e fama ao se envolver em relações interpessoais marcadas por atividades criminosas, interesses, traições, tabus e alienações. A obra com os consagrados atores Guilherme Weber e Zécarlos Machado no elenco estreia nesta terça-feira (7), às 20h30, pelo canal de TV por assinatura Prime Box Brazil, estruturada em 13 episódios.

O ex-surfista Nando Oliveira (Cassio Nascimento) enfrenta dificuldades financeiras, o que o leva a exportar sua marca de produtos esportivos para o território argentino, em parceria com o mafioso Mendes (Nazareno Pereira). Fachada para o envolvimento com o tráfico internacional de pranchas revestidas por anfetaminas. Nando é sequestrado no país vizinho e, ao que tudo indica, foi vítima do amigo Gabi (Mariano Bertolini), um promoter responsável pelo lançamento no mercado local. A jornalista Flavia (Ana Costa Cecília) investiga o sumiço do amigo com o qual tem um caso em paralelo ao trabalho da polícia.

Campeão mundial, Nando sai da redoma no seu auge. “Ele encara rotina intensa para despontar o talento, mas, ironicamente, é seduzido por vícios, dentre os quais as noitadas, e ter disciplina é difícil”, avalia o roteirista Glauco Broering. “Na vida real, muitos recorrem até a religião para manter o foco”, acrescenta. O surfe é retratado como uma atividade da classe média que requer alto investimento. “Assim como outros ambientes de poder aquisitivo, o personagem precisa ceder a interesses para competir. Então, ele resolve cair fora”, explica a diretora Marcia Paraíso.

Traumas pessoais também aprisionam o protagonista. Ele se sente culpado pela morte da mãe. Rejeitado na infância, não aceita a reaproximação do pai Oliveira (Machado). Um político que esconde a relação amorosa com seu assessor Branco (Weber), o vilão que persegue o filho do parceiro. Para alcançar novos patamares, o traficante Gordo (Lucas Heymanns) desce ao asfalto. “O consumo não está nos morros, mas sim nas áreas nobres”, ressalta Marcia. “A narrativa é costurada por temas paralelos e personagens que se traem entre si”, entrega a diretora.

Nando é um homem negro, o contraponto ao estereótipo comum do surfista loiro. Para interpretar o personagem, o ator Cassiano Nascimento conviveu com atletas. Teve como dublê de cenas o surfista Fininho, apelido de José Francisco Filho. O paraibano tem uma história de superação. De origem humilde, saiu de casa aos oito anos de idade e foi morador de rua, para fugir da convivência com o pai alcoólatra e a consequente violência doméstica. Ao longo da carreira profissional, Fininho já disputou competições brasileiras, de alcance nacional e regional, e estrangeiras.

“Submersos” é ambientada entre Florianópolis e Córdoba, com equipes de produção e elenco das duas cidades. Alguns atores argentinos são Mariano Bertolini, Jorge Marrale, Liz Solari e Guillermo Pfening. Foi inteiramente rodada em “câmera na mão”, técnica que imprimiu uniformidade às cenas. As principais locações brasileiras foram Lagoa da Conceição, Praia Mole e Barra da Lagoa. A trilha sonora revisita a música latina, com destaque para o reggaeton e o rap. O tema de abertura “Hasta Siempre” foi composto pelo mexicano radicado no Brasil Sebastian Piracés-Ugarte, vocalista da banda Francisco, el Hombre.

Os argentinos Claudio Rosa e Pablo Brusa são corroteristas ao lado do cineasta brasileiro Glauco Broering. A documentarista carioca Marcia Paraíso tem no currículo o premiado longa-metragem “Lua em Sagitário” (2016). “Sou da geração de jovens da década de 1980 quando o surfe era marginalizado, geralmente praticado por uma galera que não curtia estudar e tinha nas ondas, na relação com o mar, um refúgio. Esse perfil e estereótipo do surfista mudou muito de lá pra cá com a profissionalização do esporte, o entendimento da atividade como uma fonte de renda, que precisa do suporte de um patrocinador, e alguém cuja imagem o represente. Por isso, a dedicação integral”, lembra a diretora. Assinam o audiovisual a brasileira Plural Filmes e as argentinas Germina Films, Prisma Cine, Story Lab e Bonaparte.
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