Com concepção e direção de Pedro Granato, Caso Cabaré Privê estreia dia 1º de agosto, sábado, às 21 horas, na plataforma digital da Sympla. O espetáculo musical é feito por jovens atores do Núcleo Pequeno Ato, em resposta direta às questões que os afligem no Brasil de 2020, uma característica marcante do processo de pesquisa e criação do grupo junto ao diretor. O elenco é formado por Andressa Lelli, Bella Rodrigues, Bruna Martins, Carolina Romano, Claudia Garcia, Felipe Aidar, Gabriela Gonzalez, Gustavo Zanela, Helena Fraga, Jade Mascarenhas, Letícia Calvosa, Ludmilla Cohen, Luiza Guilien, Isabela Mello, Manuela Pereira, Renan Ramiro e Thiago Albanese.
O texto é de Tainá Muhringer e Felipe Aidar. Gustavo Bricks assina como videomarker. A direção musical fica a cargo de Pedro Monteiro e a direção de arte de Renan Ramiro. No figurino Isabella Melo e Gustavo Zanela e na coreografia Ines Bushatsky. E a produção é de Jessica Rodrigues e Victória Martinez (Contorno Produções).
Na trama, o filho do presidente é encontrado morto em um cabaré privativo e o público é convidado a investigar as pistas antes do anúncio oficial para imprensa. Nenhuma performer do estabelecimento pode sair e começam as interrogações conduzidas por um delegado. O público é direcionado para cabines privê e pode interrogar as personagens. Os atores fazem a encenação em tempo real, executando as cenas e interagindo com a plateia, que assiste tudo direto de suas casas por meio de salas virtuais.
Dessa forma se estabelece um jogo imersivo a partir dos registro do celular do filho do presidente, que funciona como um flashback, para ajudar na elucidação do que aconteceu naquela noite. Essa é a única cena gravada previamente onde o grupo respeitou todos os protocolos de segurança e distanciamento físico.
A montagem estava prevista para estrear no primeiro semestre em formato presencial. “Assim que começou a pandemia migramos os ensaios para plataforma on-line. Começamos a experimentar diferentes formas de relação e interação pensando uma estética voltada para esses tempos. Assim surgiu a ideia de transformar o cenário, que seria em show de cabaré, em cabines reservadas onde cada personagem interage com o público, sem perder a costura musical”, conta Pedro Granato.
O formato já faz parte da pesquisa do diretor, que estreou em 2019 o espetáculo Babylon: Beyond Borders, encenado simultaneamente em quatro países com transmissão ao vivo pela internet. “Como eu já tinha feito uma peça de forma on-line e em países diferentes, me deu uma certa tranquilidade por saber que era possível realizar. O maior desafio de produzir, no único formato possível de se fazer nesse momento, foi buscar novas maneiras para resolver os problemas. Existe a novidade tecnológica que eu já estava experimentando e que a pandemia universalizou permitindo assim uma nova conexão com o público”, explica.
Para a adaptação, os atores usaram suas próprias casas como cenário para comentar a trama de um cabaré esvaziado (sem a presença do público). Como possivelmente houve um crime, cada personagem está fechada em sua cabine. Os atores pensaram as ambientações utilizando elementos cênicos e a iluminação que tinham disponíveis para construir o universo de cada interpretação. Mesclando recursos contemporâneos como números de lip sync, que se popularizaram com as drag queens, e a estética de coreografia de videoclipes e redes sociais, a encenação bebe na fonte da realidade e na riquíssima herança musical brasileira.
Inspirado em táticas de ação direta que tem tomado protestos contra o autoritarismo no mundo todo, a ideia do projeto é retrabalhar a visão Brechtiana de musical que se propõe a questionar o funcionamento da sociedade com os elementos de hoje. O objetivo é construir um musical vibrante que dialogue com a nova geração e se posicione de maneira clara contra a onda reacionária que se espalha pelo mundo. “O teatro preserva a comunhão do tempo-espaço, só que agora de forma on-line. O jogo continua com a efemeridade que só fazer teatral pode proporcionar, pois para cada plateia acontece um espetáculo diferente”, conclui Granato.