Artista de Vitória da Conquista (BA), Luiza Audaz estreia como cantora solo, na gravadora Deck, após uma indicação de ninguém menos que Pitty, que a assistiu enquanto viajava pelo Brasil com a turnê MATRIZ. O single, “Bahia-Flor”, chega hoje aos aplicativos de música.
Em ritmo vibrante, que alinha percussões a batidas eletrônicas, Luiza homenageia suas raízes e a miscigenação afro-indígena. “Bahia-Flor” (Luiza Audaz) ovaciona em poesia a busca por libertação que atravessa gerações e se manifesta através da arte que resiste no caminhar do tempo. “Comecei a narrar como se estivesse vendo, pelo olhar de um menino, toda dor do deslocamento da África até aqui. ‘Bahia-Flor’, na verdade, é uma expressão alegórica de uma dor que também me atravessa pois sou fruto da miscigenação dos povos e me vejo como pedaço de África”, explicou a baiana sobre suas inspirações. A faixa, marcada por influências que vão de ritmos africanos a artistas como Thievery Corporation, foi produzida pelo duo Deep Leaks, que já havia trabalhado anteriormente com a cantora e compositora no single “Berimba Areia”.
O clipe da música, dirigido por Luciano Matos, é carregado de simbologia e, através de uma sofisticada produção e cortes precisos, faz referência ao legado e à força ancestral baiana. Filmado na parte histórica de Salvador, seus detalhes - dos figurinos aos enquadramentos - remetem a causas sociais e detalhes históricos, sociais e religiosos, numa rica semiótica que inclui, também, a presença dos quadros do pai de Luiza, o artista J. Marcos Oliveira.
Envolvida também com cinema e artes plásticas, Luiza Audaz vem para reforçar a memória e a diversidade brasileira, indo contra qualquer resistência à igualdade. A máscara que a cantora usa no clipe faz, inclusive, referência à Máscara de Flandres usada pela Escrava Anastácia. “Porém sem a parte que fechava a boca, já que me sinto como uma interlocutora dessas mulheres ancestrais" - assegurando que seu recado está aí para ser ouvido com clareza.