Tributo à atriz de teatro de revista, o musical Lyson Gaster no Borogodó reestreia dia 18 de janeiro no Teatro Itália


O musical Lyson Gaster no Borogodó reestreia dia 18 de janeiro, sábado, às 21 horas, no Teatro Itália.  A peça homenageia a atriz e cantora nascida na Espanha e criada em Piracicaba, Lyson Gaster, que se consagrou nas décadas de 1920 a 1948. A montagem tem pesquisa de Maria Eugenia de Domenico, dramaturgia de Fábio Brandi Torres, direção e figurinos de Carlos ABC, produção e cenários de Marcos Thadeus e direção musical de Tato Fischer e fica em cartaz até o dia 15 de fevereiro com sessões de quinta a sábado, às 21 horas e domingo, às 19 horas.

Com músicas ao vivo, a cargo de Tato Fischer ao piano e Henrique Vasques no acordeom e cajón, oito atores - Bruno Parisoto, Felipe Calixto, Alexia Twister, Tiago Mateus, André Kirmayr, Marcos Thadeus, Giovani Tozi e Patrick Carvalho interpretam canções como Rua do Ouvidor, A Fantasia, No Rancho Fundo e Luar do Sertão, entre outras, enquanto apresentam relatos da vida da atriz Lyson Gaster, revigorando fatos importantes dos palcos brasileiros e resgatando parte da história cultural do País.  Por seu talento e coragem, ela foi elogiada por artistas e críticos como Procópio Ferreira, Henriette Morineu, Pedro Bloch, Rachel de Queiroz, Paschoal Carlos Magno, Eva Todor, Mario Lago e Nelson Rodrigues, entre outros.

Piracicabano, o produtor e mestre em teatro Marcos Thadeu alimentava o desejo de montar um espetáculo sobre Lyson Gaster há mais de 20 anos, quando foi apresentado à história da artista pelo diretor Carlos ABC, também piracicabano. Assim, tratou de encomendar a pesquisa para montar “um genuino musical brasileiro.”  “É bem provável que o pessoal do teatro musical de hoje nunca tenha ouvido falar em Lyson Gaster”. “Para nossa sorte, dedicados pesquisadores do gênero conseguiram recuperar parte da memória cultural brasileira e colocaram foco em nessa atriz que foi tão importante para a classe artística.” Afirma Marcos Thadeus que, junto com outros três atores, interpretam a atriz em diferentes fases da vida dela.

Maria Eugenia de Domenico nunca tinha ouvido falar em Lyson Gaster e, pesquisando, ficou impressionada com a relevância da artista no meio cultural da época. Eugenia ressalta a dificuldade de conseguir documentos ao vasculhar um passado completamente esquecido.  “Quando se consegue os textos, eles encontram-se em estado precário, ilegíveis pois não foram digitalizados, sendo comidos por traças. Alguns, datilografados, não consegui ler.” Eugenia descobriu uma Lyson dramaturga também, que assinou  textos sozinha e com o segundo marido, Alfredo Viviani. “Tivemos sorte e conseguimos um dos últimos textos escritos por ela, A Mimosa Roceira, que tem trecho incluído na peça.”  Nesta tarefa árdua, foi fonte de informação importante o livro De pernas para o ar: O teatro de revista em São Paulo, coleção Aplauso, da diretora e doutora em teatro Neyde Veneziano. Estudiosa do teatro musical, Veneziano já havia resgatado parte da trajetória da artista e de outros pioneiros hoje esquecidos, mas que prepararam o palco e a plateia paulista para as produções musicais de hoje. “É um livro maravilhoso”, afirma.

“Ela era a estrela da companhia que tinha o seu nome, às vezes só Companhia Lyson Gaster, às vezes Companhia de Comédia Lyson Gaster", empolga-se Eugenia ao contar a história. "Ela exercia uma liderança absurda, era uma companhia grande, eles viajavam o Brasil todo, não só o interior de São Paulo”, continua.   “Imagine, naquela época não havia teatro nas cidades, a companhia montava os espetáculos em cinemas, que geralmente possuíam palcos. Ao lado do segundo marido, ela foi desbravadora, corajosa e conseguiu ganhar dinheiro, formou os dois filhos (um em Engenharia, outro em Medicina), que moravam em São Paulo com os avós. Foi absolutamente bem-sucedida, empregava as duas irmãs com os maridos e o irmão na companhia, numa composição familiar. Trabalhou por 30 anos, faleceu aos 74 e quando parou de trabalhar, tinha duas casas - uma no Rio de Janeiro, outra em Teresópolis.”
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