Peça Entrevista com Phedra celebra diva histórica do teatro brasileiro


Baseado em fatos reais, o espetáculo Entrevista com Phedra marca a estreia do jornalista e crítico de arte Miguel Arcanjo Prado como dramaturgo. A peça conta a vida da icônica diva trans cubana do teatro brasileiro, Phedra D. Córdoba (1938-2016). A obra estreia dia 8 de julho, segunda-feira, às 21h, no Espaço dos Satyros.

A encenação é dirigida a quatro mãos pelo argentino Juan Manuel Tellategui e o brasileiro Robson Catalunha, além de ter figurino e visagismo assinados pelo estilista Walério Araújo e direção de produção de Gustavo Ferreira.

Phedra é interpretada por Márcia Dailyn, atriz, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, musa do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta e atual diva da praça Roosevelt, enquanto que o ator Raphael Garcia, um dos fundadores do Coletivo Negro, dá vida a Miguel Arcanjo. Todos foram convidados pelo autor a integrar o projeto com realização de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez da Cia. de Teatro Os Satyros, fundada por eles há 30 anos. 

"Escrevi inspirado nas entrevistas que fiz com Phedra em seu apartamento da praça Roosevelt, onde vivia com seu gato Primo Bianco. É uma peça cercada de amor, como forma de homenagear a memória dessa grande abridora de caminhos nas artes da América Latina e que foi minha amiga", diz Arcanjo.

O diretor Juan Manuel Tellategui conta que o processo começou com “um percurso quase arqueológico” em busca de “desvendar a verdadeira Phedra por trás das várias camadas que já conhecíamos dela: diva da praça Roosevelt, cubana de sotaque carregado e artista multifacetada”.

“A peça nos aproxima daquela que deixou marcas nos corações de seus mais chegados e daqueles que a lembram dos palcos e das noites paulistanas”, afirma o artista argentino com experiência no teatro e no cinema de Buenos Aires, onde Phedra morou antes de se mudar para o Brasil.

O diretor Robson Catalunha, que dirigiu o último monólogo da diva, Phedra por Phedra, e trabalhou com o ícone teatral norte-americano Bob Wilson em Nova York, revela que todo o processo foi um “carrossel de emoções”.

“Phedrita com sua luz e energia tem nos inspirado e guiado a cada ensaio, a cada lembrança de sua fala, de suas castanholas e até mesmo de como esbravejava quando não gostava de algo. Ela nos inspirava e nos divertia no Satyros. Sua alma está neste espetáculo”, fala.

Márcia Dailyn se emociona ao explicar como é interpretar Phedra. “Ela foi minha amiga e me deu muitos conselhos quando cheguei para dançar no Theatro Municipal de São Paulo. Tinha um carisma único. Interpreto essa grande personagem com muito respeito, carinho e amor. Sinto-me honrada em ter herdado seu título de diva da praça Roosevelt”, conta.

Raphael Garcia fala sobre seu personagem: “Interpretar Miguel Arcanjo, que nos conta diariamente a história do teatro brasileiro contemporâneo, é um prazer, sobretudo, por entrar em contato com esse encanto que ele nutriu por Phedra, essa curiosidade típica do jornalista que o levou a conhecê-la de perto na tentativa de desvendar essa mulher tão marcante”.

Gustavo Ferreira, diretor de produção, diz que a peça “resgata a história de Phedra D. Córdoba para as novas gerações”: “Sinto que minha grande amiga revive com alegria neste projeto”, finaliza.
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