Grupo Dedo de Moça cria versão sofisticada de clássicos do samba no show Atemporal. Grátis


“Será que vai dar samba?” Esta questão tem resposta positiva quando rola a cozinha instrumental do Dedo de Moça. O grupo feminino se diferencia na cena musical brasileira ao acrescentar instrumentos inusitados ao ritmo, como violino, sax e cello, e ainda marca presença num segmento da música com predomínio masculino. Para mostrar a que veio, o quarteto apresenta seu mais recente show, Atemporal, dia 16 de junho, domingo, meio-dia, no Centro de Culturas Negras do Jabaquara. Antes da apresentação gratuita, as integrantes fazem palestra sobre a história do ritmo, um símbolo nacional, e seus usos políticos, dando exemplos musicais.

A leitura do grupo das músicas de compositores conhecidos, como Nelson Cavaquinho e Jacob do Bandolim, valoriza o aspecto melódico e lírico do samba. Atemporal  traz no repertório Atraente  (Chiquinha Gonzaga), Para Ver as Meninas (Paulinho da Viola) e Enredo do Meu Samba (Jorge Aragão/Dona Ivone Lara), entre outras. As faixas do álbum, lançado em 2018, estão nas plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Apple Music e Itunes).

Criado em 2013, em Sampa, o quarteto é formado por Ana Claudia César, (Choronas) no cavaquinho, Ana Eliza Colomar (do grupo de música étnica Mawaca) no cello, flauta e sax, Cintia Zanco (orquestra Jazz Sinfônica), nos arranjos e violino, e Rosana Bergamasco (Trio Que Chora), arranjos e violão 7 cordas. É dela a música que dá nome ao show e ao álbum, Atemporal, além de Setembro também na seleção.

As integrantes são atuantes em universos diferentes da música. A troca de conhecimentos e vivências de cada uma, a fim de construir um discurso musical rico e integrado, é o mote do quarteto em seu percurso.  

Com reinterpretação de sambas tradicionais, o som do Dedo de Moça atravessa a linha fina que separa a música de concerto da popular, agradando os ouvidos de várias tribos. “O grupo trata a música popular com recursos da erudita, resultando na música de câmara. Com intimismo e lirismo, os arranjos mantêm o apelo de memória afetiva das composições”, fala a arranjadora e violinista Cintia Zanco.

Com arranjos dela, Menino das Laranjas, de Theo de Barros, ganhou introdução bastante camerística, e Quem te Viu, Quem te Vê, do Chico Buarque, foi transformada a tal ponto que é difícil identifica-la no começo; depois há momento para improvisação, com destaque para a multi-instrumentista Ana Eliza Colomar.

Antes de cada espetáculo, as integrantes do Dedo de Moça traçam um panorama do ritmo. Com execução de temas musicais que ajudam a contar essa trajetória, a palestra A História do Samba - Linguagem e Vocabulário da Música Brasileira abrange a origem do gênero e as relações com a história do país e seu papel fundamental na construção da identidade nacional. Revisitar um dos pilares identitários do Brasil, o samba, é um exercício que amplia olhares.

“O show Atemporal dá visibilidade ao trabalho criativo de mulheres, que em geral possuem menores oportunidades na música instrumental, tendo importância nos processos de redefinição dos espaços de cidadania e legitimidade”, diz a multi-instrumentista Ana Eliza Colomar. O trabalho foi contemplado pelo Edital de Apoio à Criação Artística – Linguagem Música - Secretaria Municipal de Cultura Fomento 2018.

SERVIÇO: Grupo Dedo de Moça

Show Atemporal e palestra A História do Samba - Linguagem e Vocabulário da Música Brasileira

16/6, domingo. 11h, palestra.  12h, apresentação. 
Centro de Culturas Negras do Jabaquara, no Auditório Maria Carolina de Jesus. Rua Arsênio Tavolieri, 45, Jabaquara. 
Tel. (11) 5011-2421; 
e-mail jmjabaquara@gmail.com. 
280 lugares. Grátis. 
Entrada livre. Wi-fi e ar-condicionado.

Palestra. Duração: uma hora.  Recomendação etária: livre
Show. Duração: uma hora. Recomendação etária: livre


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