A comédia Conto de Inverno, escrita por William Shakespeare entre 1610 e 1611 foi a obra escolhida pelo Núcleo Sem Querer de Tentativas Teatrais para encerrar a Trilogia da Taverna, uma seleção de peças de diferentes períodos, nacionalidades e temáticas encenadas pelo grupo desde 2015. O núcleo se propõe a nos levar ao universo do Shakespeare, que pode ser compreendido nos novos tempos, por meio da tradução e adaptação feita por Bruna Longo. A intenção é apresentar ao público jovem um espaço que transita entre a Tragédia e a Comédia, a interpretação realista e a catártica, além do teatro popular farsesco e burlesco. A peça está em cartaz no Viga Espaço Cênico, com sessões aos domingos, segundas e terças.
“Acreditamos que dar acesso a uma obra tão rara e tão pouco conhecida desse autor é difundir a teatralidade em sua essência”, conta Juliano Barone, diretor do espetáculo, sobre a escolha de encenar Conto de Inverno. O elenco é formado por 16 atores/músicos que ocupam a Sala Taverna, espaço criado pelo multi-artista Kleber Montanheiro que se tornou o palco da companhia, desde seu primeiro trabalho. O desafio da obra é dar vida aos cinco atos da peça inglesa tendo como base a discussão sobre a loucura e o autoritarismo sem perder de vista a esperança e o otimismo inerentes à vida humana. O enredo nos conta sobre um rei que fica louco de ciúmes e manda prender e matar a própria esposa por acreditar que ela está se relacionando com seu amigo de infância.
O diretor conta que a Trilogia da Taverna é composta por três peças que evidenciam questões importantes na sociedade em diferentes épocas tais como: o papel da mulher na sociedade, o autoritarismo, o machismo enraizado, o fomento a cultura e ao teatro e a autocrítica dos atores do núcleo como artista são a base da escolha das obras para a trilogia. As duas primeiras peças são O Impostor Geral, baseado em O Inspetor Geral, do dramaturgo russo Nikolai Gogol; e Fuente Ovejuna, do dramaturgo espanhol Lope de Vega. “Também são peças que permitem o estabelecimento de certa intimidade entre os artistas e o público, pois as questões são muito do nosso contexto social e político”, explica Juliano.
Nas três montagens, também há uma progressão de densidade, sendo a primeira a mais leve e, a mais recente, a que contempla temas e passagens mais espinhosas. Nos três trabalhos foi utilizado o recurso do teatro de máscaras, uma linguagem que vem se tornando parte da estética da companhia. A primeira peça utiliza máscaras inspiradas nos bufões; a segunda usa máscaras expressivas e, a terceira, máscaras expressivas próprias da commedia dell’arte.
Além disso, o diretor também destaca que as três peças não contam com uma grande quantidade de montagens profissionais, o que reforça a importância de estarem sendo exibidas ao público sob a linguagem do grupo. “São espetáculos de extrema importância para todos aqueles que estudam e trabalham com teatro de maneira geral, mas que pouco podem ver essas obras em cartaz com frequência.” complementa Juliano Barone.
Serviço
Conto de Inverno
De 7 de abril a 21 de maio. Domingos, segundas e terças, às 15 horas (no domingo de páscoa, 27 de abril, não haverá apresentação).
Local: Viga Espaço Cênico (Rua Capote Valente, 1232) - Sala Taverna
Classificação indicativa: 14 anos.
Capacidade: 40 pessoas.
Duração: 110 minutos.
Ingressos: Aos domingos, R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Segundas e terças, grátis.