Espetáculo Benjamin, sobre direitos dos animais, retorna em curta temporada no Espaço Parlapatões às quartas-feiras de maio


A relação do artista armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffí, morto em agosto de 2018, inspirou o espetáculo Benjamin, que faz nova temporada a partir do dia 1º de maio, quarta-feira, às 21h, no Espaço Parlapatões. Alguns dos temas discutidos na peça são a falta de leis que defendam os animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e qualidade de vida. Ao final de cada sessão, um cachorro assistido por uma ONG de proteção aos animais estará disponível para adoção, respeitando todas práticas previstas neste tipo de processo.

A peça é a terceira do Grupo ARCA, criado por Arthur, e conta a história de Benjamin (Mário Goes), vira-lata que promove mudanças profundas na vida de Berta (Júlia Marques), mulher que o adota após ser traída pelo marido, Nöah (Lisandro Leite), durante sua lua de mel em Istambul.

Com a chegada de Benjamin, o público passa a assistir a visão que Berta projeta sobre o animal. Nele, Berta vê um ser humano ideal, que é cuidadoso, otimista, poético, respeitoso e companheiro, tornando-se assim uma metáfora que ilustra sentimentos verdadeiros e o amor genuíno, muito presentes no comportamento dos cachorros.

Quando Nöah reaparece, Benjamin logo passa a ser assistido pelo público sob a ótica do homem, tomando então uma forma não apenas animalizada, mas triste e solitária, já que o cachorro é menosprezado por ele. “Berta enxergava em Benjamin algo que devia existir nos seres humanos, mas normalmente não existe. Já Nöah traz uma outra camada, e logo o assunto central da peça se torna a confiança traída, o abandono e os maus tratos aos animais”, conta Arthur, que também assina a direção da trama.

Benjamin, que até então interagia, conversava e até dançava valsa com Berta, é deixado de lado, perdendo sua voz e todas características que a relação com a mulher o conferiam. “Benjamin sofre questões ligadas à indiferença do ser humano, tornando-se assim um representante de vários outros animais que passam por situações semelhantes”, completa o artista.

A encenação da peça é realista, exceto pela própria composição do personagem canino, que ganha um figurino futurístico alterado de acordo com a mudança de olhares dos humanos sobre ele. Apesar de não haver nenhum indicativo exato sobre o tempo em que a peça se passa, Benjamin tem ambientação inspirada nos anos 40, com referência ao cinema mudo, à filmografia de Charlie Chaplin e a estrutura do jogo de xadrez, com peças brancas e pretas que se colidem e se misturam durante a partida.

“O cenário é composto por muitos elementos geométricos e brancos, que vão tomando outras cores após a entrada de Benjamin e mudam novamente depois do retorno de Nöah”, conta Arthur. O dramaturgo e diretor explica que a chegada de Nöah ‘suja’ o ambiente, como se ele trouxesse uma atmosfera venenosa e pesada a um espaço que havia sido colorido por Benjamin.

Serviço

Benjamin

De 1º a 29 de maio, quartas-feiras, às 21 horas.

Local: Espaço Parlapatões (Praça Franklin Roosevelt, 158 - Consolação)
Ingressos*: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Capacidade: 96 lugares.

*Quem doar 1 Kg de ração, tem direito a pagar meia-entrada.
Postagem Anterior Próxima Postagem