Nova produção da Barracão Cultural conta um dia na vida de dois irmãos (Alexandre Cioletti e Cláudio Queiróz) e a irmã (Eloisa Elena) que se encontram para organizar a festa de bodas dos seus pais. Este encontro, aparentemente banal, vai sendo afetado por acontecimentos no apartamento vizinho. Apesar de ser um encontro superficialmente afetuoso, a relação dos irmãos já evidencia aspectos do patriarcado nessa relação familiar. Um olhar mais profundo sobre como somos afetados pelo entorno, o quanto nos alienamos e onde está nosso medo, permeiam este encontro familiar.
ENTRE é um espetáculo que pretende gerar uma reflexão sobre os processos que alimentam a nossa sociedade patriarcal. A dramaturgia de Eloisa Elena parte da diferença de papéis e representatividade de gênero na sociedade e como esta questão está presente, muitas vezes de forma extremamente sutil e adaptada ao cotidiano, para abordar a nossa cumplicidade e passividade diante dos mais diversos desdobramentos e consequências do histórico patriarcal que estrutura nossa formação.
Para a trilha sonora, que ao longo do espetáculo vai permeando a trama, Dr Morris gravou uma encenação real com os atores Lavinia Pannunzio e Joca Andreazza. A dramaturgia de Eloisa Elena propõe essa coexistência de histórias; a que está acontecendo na frente do público, e a que se ouve ao longe. Essa situação expressa pelo texto tem grande potencial para gerar discussões acerca do quanto nos permitimos afetar pelos fatos a nossa volta, o quanto estamos dispostos a assumir posicionamentos efetivos e arcar com as consequências disso.
A encenação de Carlos Gradim e Yara de Novaes propõe também um paralelo na interpretação dos atores, que ora narram, ora vivem a história. Um caleidoscópio de existências, pensamentos e realidade colocado na frente do público.
“Entre trata da correlação entre afetação, alienação e medo. O quanto somos afetados pelo que ocorre ao nosso redor e as consequências desta afetação, são questões cada vez mais cotidianas para todos nós. Ao mesmo tempo que somos bombardeados por informações do que ocorre no mundo inteiro e estamos o tempo todo nos manifestando e nos posicionando nas redes sociais e nos nossos pequenos círculos, continuamos muitas vezes fechando os olhos e ignorando o que ocorre ao nosso lado. Violências acontecem dentro de casa, pessoas morrem na nossa esquina e por uma infinidade de razões, muitas vezes não nos damos conta disso e do que não fizemos para evitar.
A constituição de nossa sociedade patriarcal, o machismo estrutural no qual somos formados, nos fazem repetir grandes ou pequenos comportamentos de opressão, de diferenciação, de continuidade do que como disse Caetano Veloso é “o macho adulto branco, sempre no comando.” É neste lugar incômodo que nos colocamos neste espetáculo e estamos a cada dia nos perguntando: como saltar sobre isso?”, comenta Eloisa Elena.
Serviço:
Estreia 04 de abril na Sala Itaú Cultural
Quinta a sábado às 20h e domingo às 19 horas. Até 07 de abril
224 lugares. Retirar ingressos 1h antes do espetáculo. Bilheteria separada para público preferencial.
Temporada Oficina Cultural Oswald de Andrade – Anexo
De 11 a 20 de abril
Dias 11, 12 e 18 - quinta e sexta - 20h
Dia 13 – sábado - 18h
Dias 19 e 20 – sexta e sábado – 18h (em função do feriado)
50 lugares. Retirada de ingressos com 1h de antecedência.