Baseado em uma história real, o filme se passa no outono de 1960, quando os padres Thomas Riley e John Thornton foram enviados pelo Vaticano para investigar um evento milagroso em um lar irlandês, feito para órfãs, grávidas solteiras e mulheres com distúrbios mentais. Quando conhecem uma adolescente grávida, com sinais de possessão demoníaca, descobrem algo terrível: algumas portas não devem ser abertas.
Notas da diretora:
Quando fui chamada para fazer o filme sobre esse lar irlandês, eu tive que aceitar. Não poderia deixar ninguém fazer isso: as lavanderias, a mãe e lares de bebês e os lares para deficientes físicos são as marcas mais negras da história da Irlanda, porque se auto infligiram. O melhor amigo de minha mãe foi arrastado de casa aos 13 anos e jogado em uma dessas instituições. Ela deveria expiar seus pecados lavando lençóis, um castigo metafórico que também passou a ser uma atividade secundária bastante lucrativa para a igreja. Seu único "pecado" era ser indesejado em casa quando seu pai se casou novamente, depois que sua mãe morreu.
Meu pai, um entregador de pão, entregava pão nesses lares irlandeses todos os dias, e descrevia o lugar para mim, quando chegava em casa, como se ele estivesse entregando direto no Inferno. Suas descrições de garotas de rosto vermelho, esfregando furiosamente lençóis com água escorrendo pelas paredes e um vapor absurdo em todos os lugares, sempre me prendiam como uma visão do Inferno.
Suas descrições de garotas de rosto vermelho, esfregando furiosamente lençóis com água escorrendo pelas paredes e um vapor absurdo em todos os lugares, sempre me prendiam como uma visão do Inferno. E eu, como fui uma mãe adolescente, tive meu filho no ano após o último lar irlandês ser encerrado, em 1996; eu não estava longe de ser uma daquelas garotas. Assim, foi importante para mim que o primeiro filme de terror feito por uma mulher na Irlanda confrontasse os horrores de ser uma mulher na Irlanda. Estou orgulhosa de que seja lançado este ano.
Mesmo atualmente, mais histórias surgem sobre a adoção forçada e ilegal desses lares, mais recentemente em Newry; os sobreviventes continuam a lutar por justiça após serem vítimas de procedimentos cirúrgicos desnecessários; e as mulheres no Norte ainda têm acesso negado aos
cuidados de saúde reprodutiva. Uma decisão da Suprema Corte diz que a lei do aborto na Irlanda do Norte é incompatível com os direitos humanos e, ainda assim, não há mecanismo para mudá-la.
Ainda que essas questões estejam presentes, o filme não é polêmico, é uma reviravolta no subgênero de filmagem. O filme é uma amostra da época, em grande parte filmado em 16mm, que dá uma estética única e humana. Eu queria mostrar horror através da empatia e caracterização, tomando como inspiração os filmes dos Irmãos Maysles e filmagens dos centros de saúde mental soviéticos, ao invés de filme como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal.
Por essa razão que trabalhei especialmente nas atuações. Eu queria que meus atores se sentissem autênticos e humanos de uma forma mais profunda do que normalmente se vê em um filme desse estilo. É um filme cheio de close ups, fazendo você olhar nos olhos das meninas que sofrem e dos homens e mulheres da igreja que estão destruídos ou deformados. Existem monstros neste filme, mas o verdadeiro horror é a incapacidade de qualquer indivíduo para mudá-lo.
Não é uma tentativa de enganar o público fazendo eles acreditarem que a filmagem é real; é uma fantasia gótica, uma metáfora para as contradições da igreja e do estado na Irlanda, o funcionamento bizantino daquela conspiração de silêncio, que ninguém foi capaz de enfrentar. Foi o único fantasma, ou demônios, daquele trauma que deram voz à tragédia. E até hoje a Irlanda tentaria silenciá-los