Com duas Indicações entre os melhores do primeiro semestre de 2018 ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Cenário e Iluminação, O Gigante Adamastor reestreia no Sesc Santo Amaro para sessões de 4 a 25 de novembro, domingos, às 16 horas, na Praça Coberta. Haverá sessão no feriado de 2 de novembro, sexta, ás 16h, no Teatro. DE GRAÇA.
Baseado no Canto V de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões (1524 –✞1579/1580), O Gigante Adamastor conta a história de Pedro e seu irmão caçula Zito, moradores de uma cidade praiana que recebe um circo misterioso. Com a chegada da trupe e o sumiço de Pedro, Zito terá que desvendar grandes mistérios e enfrentar seres mitológicos nesse circo mágico.
O novo espetáculo da Cia. O Grito fez temporada em abril deste ano no Sesc Ipiranga. No ano que completa 15 anos, a Cia. O Grito estreia seu 11º espetáculo. A companhia já se apresentou mais de mil vezes e ultrapassa os 450 mil expectadores. “A ideia de criar uma peça a partir do personagem do Gigante Adamastor, da obra de Luis de Camões, originalmente foi do Roberto Morettho (diretor) e dos artistas da companhia”, diz Heloisa Prieto, que assina o texto ao lado do restante da companhia.
Na peça, os atores trocam de personagens para contar a história de um enorme e poderoso gigante que se perde de amores por uma pequena e delicada ninfa que o rejeita. Seu sofrimento faz com que ele sopre sobre o mar, gerando ondas enormes no cabo das tormentas onde navios sempre naufragam. A encenação, segundo o diretor Roberto Morettho, não é realista. Os atores fazem às vezes de narradores, personagens e ainda manipulam bonecos. Os papeis também não são fixos e nem dependem dos gêneros dos intérpretes – o ator Wilson Saraiva também interpreta mulheres e as atrizes Junia Magi e Samira Pissinatto, homens.
Coxia aberta
“A coxia é aberta para que o público veja o que está sendo preparado para as próximas cenas. Longe do naturalismo ou do realismo, a peça encara o teatro como um jogo que vai sendo compartilhado com a plateia”, diz Roberto.
Nas palavras de Dib Carneiro Neto: “[...]é uma encenação vertiginosa, que não nos dá fôlego, e, ao final, não saímos cansados, saímos querendo mais” (Jornalista, Crítico teatral e Jurado do Prêmio São Paulo)
A adaptação é do Canto V do livro Os Lusíadas (a maior obra portuguesa de todos os tempos), um poema épico sobre o período das Grandes Navegações. O Gigante Adamastor é uma figura simbólica criada pelo poeta para retratar os perigos e desafios enfrentados pelas embarcações portuguesas quando passavam perto do Cabo das Tormentas (também conhecido como Cabo da Boa Esperança), região localizada no extremo sul do continente africano. Heloísa Prieto propôs uma sub-narrativa em que dois adolescentes e uma criança vivenciam uma situação parecida com a proposta pelo Canto V de Os Lusíadas. “O texto traz também esse elemento metalinguístico do teatro dentro do teatro, onde os três jovens citam e interpretam trechos do livro”, conta Roberto.
Os figurinos não correspondem ao gênero masculino ou feminino, o que contribui mais para a versatilidade dos artistas em seus diferentes papeis. Um dos objetivos do espetáculo, segundo Roberto, é despertar o interesse das crianças sobre a obra de Camões. No texto, partes do poema foram musicados e são cantados ao vivo pelos atores. A trilha sonora acompanha o clima de todo o espetáculo, escapando do realismo e apostando nas sensações trazidas pelo livro do autor português. “Criamos uma trilha mais psicodélica e onírica”, conclui Roberto.
Mônica Rodrigues da Costas, afirma: “ A música reforça o lirismo e inclui cantos belos, como o do início: O mar é casado/ O mar também tem mulher/ É casado com a areia/ Dá-lhe mil beijos quando quer” (Jornalista, Crítica teatral e Jurada do Prêmio São Paulo)